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Cogitos incorpóreos

O termo “cogito” refere-se, originalmente, ao famoso princípio filosófico “penso, logo existo” – no latim, cogito, ergo sum –, estabelecido por René Descartes no século 17. Com essa afirmação, o filósofo estava interessado em provar a existência do “eu”, ainda que esse “eu” não fosse, necessariamente, material: o corpo da pessoa que pensa pode ser uma miragem, uma ilusão, mas o fato de pensar já confirmaria sua existência espiritual.

A argumentação de Descartes vai mais longe – ao final, a existência do corpo, do mundo e de deus são também “provadas” –, mas o que importa ter em mente aqui é que para essa concepção cartesiana o ato de pensar independe de toda materialidade. Essa independência explica a relação que é frequentemente estabelecida entre o “cogito” cartesiano e a dicotomia “corpo e alma”.

No vídeo a seguir, a filósofa estadunidense Judith Butler faz uma crítica a esse pensamento. Butler caminha pelas ruas de São Francisco, na Califórnia, ao lado de Sunaura Taylor, uma ativista que luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Nesse trajeto, as duas mulheres refletem sobre as possibilidades de viver, experimentar e pensar a cidade em um universo que é primordialmente pensado para pessoas que podem caminhar.

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Examined life, direção de Astra Taylor (2008).
 
 

Já neste segundo vídeo, Judith Butler divaga sobre o papel do corpo na produção de uma identidade de gênero: o significado de ser homem ou mulher dentro de um quadro sócio-histórico específico.

 
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Judith Butler: your behavior creates your gender, direção de Jonathan Fowler (2011).