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Visões moralistas sobre a pobreza

 

Difunde-se amplamente pelos meios de comunicação uma compreensão moralista sobre a pobreza que a simplifica e a reduz a hipotéticas ausências de valores e atitudes inadequadas dos(as) pobres. Há comentaristas que atuam em redes televisivas e são exemplos bastante ilustrativos dessa visão reducionista, frequentemente difundida na programação local de canais de TV por todo Brasil.

 

Fala típica dos programas de televisão que difundem uma visão moralista e equivocada sobre a pobreza.

No exemplo ilustrado, ao relacionar a pobreza a uma suposta falta de interesse dos(as) pobres por cursos técnicos gratuitos, o "comentarista" ignora muitos fatores que influenciam a decisão de fazer ou não uma formação desse tipo. Será que há condições materiais para se manter no curso? O emprego e a rotina diária permitem que se realize o curso, seja dentro ou fora do horário de expediente? Há condições de deslocamento até o local?

Os meios de divulgação alcançam todos(as)? Será que o curso é visto como uma possibilidade real de ascensão social? O diploma de formação garante emprego bem pago e efetiva mobilidade social? Desconsiderar essas questões leva o comentarista a reduzir o problema ao jargão “é pobre porque quer”. Nesse sentido, o crescimento individual é tratado meramente como fruto da vontade de um(a), relegando da análise os aspectos objetivos implicados nesse processo.